1054 - EQUIDADE NO ACESSO A SAÚDE BUCAL: ANÁLISE DE DADOS ENTRE ZONAS URBANAS E RURAIS DO BRASIL
Universidade do Estado de Minas Gerais; Laboratório de Escrita Científica, Universidade Federal do Espírito Santo; Programa de Pós-graduação em Nutrição e Saúde, Universidade Federal do Espírito Santo.
Antecedentes/Objetivos: O tratamento odontológico na rede pública continua a ser um desafio nos sistemas de saúde contemporâneos, com disparidades particularmente acentuadas entre contextos urbanos e rurais. Estudos recentes demonstram que populações rurais enfrentam barreiras multifatoriais, incluindo menor disponibilidade de serviços, dificuldades geográficas de acesso e carência de profissionais qualificados, que resultam em indicadores de saúde bucal sistematicamente inferiores aos das áreas urbanas. O objetivo deste trabalho é identificar as desigualdades no acesso aos serviços de saúde bucal entre populações urbanas e rurais.
Métodos: Foi utilizado o banco de dados públicos da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com uma amostra de 94.114 pessoas. A variável de situação censitária (urbana ou rural) foi analisada em relação ao acesso a serviços de saúde bucal: tipo de tratamento realizado (serviço público ou privado) e o motivo da consulta (preventivo ou curativo), e também as variáveis sociodemográficas (renda familiar inferior ou superior a 2 salários mínimos; raça/cor e as 5 regiões brasileiras). Foi realizado o teste 2 × 2 de independência para as variáveis dicotômicas, e frequências relativas utilizando o software IBM SPSS Statistics (versão 27.1).
Resultados: O uso de serviço pelo SUS foi de 19,7% em áreas urbanas, enquanto a área rural registrou 47,7%. Consultas preventivas predominaram em zonas urbanas com 48,9%, já a busca por atendimentos curativos em áreas rurais foi de 67,1%, padrão acentuado nas regiões Centro-Oeste com 56% e Nordeste com 59,2%. A análise socioeconômica da área rural foi que 94,9% dos domicílios possuem renda abaixo de 2 salários mínimos, enquanto 79,4% estão registrados nas áreas urbanas. Quando observada sob o recorte étnico-racial, a população preta com 89,9% e indígena com 91,5% encontram-se em estratos de renda significativamente inferiores à média nacional.
Conclusões/Recomendações: O estudo identifica associação entre determinantes geográficos e sociais com desigualdades no acesso à saúde bucal, evidenciando a necessidade de ampliação da atenção primária em áreas remotas, estratégias específicas para populações vulneráveis e reorientação do modelo assistencial para prevenção.