410 - SEGREGAÇÃO SOCIOECONÓMICA E FUNÇÃO FÍSICA E COGNITIVA EM PESSOAS MAIS VELHAS DA COORTE EPIPORTO
EPIUnit-Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto; Laboratório para a Investigação Integrativa e Translacional em Saúde Populacional; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; Centro de Matemática da Universidade do Minho.
Antecedentes/Objetivos: A segregação socioeconómica refere-se à separação espacial de grupos populacionais com base em indicadores socioeconómicos, podendo resultar num acesso desigual a recursos e condições ambientais que afetam a saúde. Pessoas mais velhas, por passarem mais tempo na sua área residencial, podem ser particularmente afetadas. Este estudo analisou a associação entre a segregação socioeconómica residencial e as funções física e cognitiva em pessoas mais velhas residentes no Porto, Portugal.
Métodos: Este estudo transversal incluiu adultos mais velhos (#1 60 anos) da coorte EPIPorto que participaram no terceiro follow-up (2017-18). Os níveis de segregação socioeconómica foram determinados com base no Índice Europeu de Privação e no índice local de autocorrelação espacial (LISA). A função física foi avaliada pela força de preensão manual (dinamómetro Jamar) e pelo tempo de marcha (25-Foot Walk Test). A função cognitiva foi medida com Mini-Mental State Examination. As associações foram estimadas por regressão linear. Foram considerados modelos brutos e ajustados para fatores individuais (como escolaridade e ocupação) e ambientais (como níveis de PM2.5, ilha de calor urbana, caminhabilidade e espaços verdes).
Resultados: Foram incluídos 678 participantes da coorte EPIPorto, classificados segundo os níveis de privação e segregação socioeconómica residencial: baixa segregação–baixa privação (BS-BP; n = 136), alta segregação–baixa privação (AS-BP; n = 186), baixa segregação-alta privação (BS-AP; n = 140) e alta segregação-alta privação (AS-AP; n = 216). Os residentes em áreas com alta segregação e alta privação (AS-AP) apresentaram características socioeconómicas mais desfavorecidas e maior exposição a fatores ambientais adversos à saúde. No modelo bruto, comparando com o grupo de referência (AS-BP), os indivíduos a residir em áreas com AS-AP apresentaram menor função cognitiva (β = -1.30; IC95%: -1.73, -0.87), menor força de preensão (-9.62; -18.51, -0.73) e maior tempo de marcha (0.67; 0.27, 1.06). Após os ajustes, apenas a associação com a função cognitiva se manteve significativa (-0.54; -0.98, -0.11).
Conclusões/Recomendações: Residir em áreas com alta segregação e privação associou-se a pior função cognitiva em pessoas mais velhas, destacando a importância de políticas urbanas que promovam ambientes mais justos e inclusivos.
Financiamento: UIDB/04750/2020, LA/P/0064/2020, PTDC/GES-OUT/1662/2020, CEECIND/02386/2018, UI/BD/150782/2020.