452 - CARTOGRAFANDO SABERES: CONSTRUÇÃO DE ESTRATÉGIAS COLETIVAS EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Universidade Regional do Cariri; Universidade Estadual do Ceará; EEEP Irmã Ana Zélia da Fonseca.
Antecedentes/Objetivos: Objetivou-se fomentar a construção de estratégias coletivas e de cuidado em saúde mental, integrando os agentes comunitários de saúde (ACS) à rede de apoio psicossocial, a partir da análise dos fluxos e relações mapeadas nos territórios.
Métodos: Refere-se a uma investigação qualitativa baseada no método cartográfico, concebida pelos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari. Trata-se de uma pesquisa intervenção de natureza participativa, guiada por uma perspectiva hermenêutica e dialética, que adota uma abordagem investigativa para a intervenção no território desenvolvido. Essa fase da pesquisa contou com setenta e dois agentes comunitários de saúde do Munícipio de Milagres, estado do Ceará no Brasil, que participaram de quatro oficinas para mapear suas experiências no manejo de questões de saúde mental em suas comunidades, identificando potencialidades e desafios no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS). Foi utilizada abordagem participativa para o levantamento das informações, metodologias ativas, diário de campo para registro de impressões e sugestões para a prática. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Regional do Cariri (URCA).
Resultados: Ao analisar as experiências dos ACS sobre o manejo de ações de saúde mental na APS e atenção psicossocial foram identificadas ações de cuidado focadas na distribuição de receitas com prescrições medicamentosas, fragilidades no aspecto de conhecimento de diagnósticos de saúde mental. Foram relatadas necessidade de engajamento da equipe de saúde para trabalho em parceria na identificação precoce de sinais de sofrimento psíquico e a promoção de ações em saúde mental durante as visitas domiciliares.
Conclusões/Recomendações: A promoção da saúde mental pelo ACS é de extrema relevância pela função estratégica desse profissional no conhecimento das necessidades da população no território, pois inserido no cotidiano das famílias, conhece de perto suas dinâmicas e vulnerabilidades, assim permite identificar precocemente sinais de sofrimento psíquico, muitas vezes não percebidos em consultas tradicionais. Ao promover a saúde mental, o ACS contribui para a prevenção de agravos, evitando que condições leves evoluam para transtornos mais graves e na articulação da rede de apoio. Desenvolver competências práticas e reflexivas para ações em saúde mental pode empoderar a comunidade, estimular a participação ativa em iniciativas locais e o fortalecimento de laços sociais, que são fatores protetivos contra o adoecimento mental.
Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq Processo 408274/2023-9.