256 - TENDÊNCIAS DO MODO DE PARTO EM HOSPITAIS PÚBLICOS E PRIVADOS EM PORTUGAL (1999-2022): IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE MATERNA
Instituto de Saúde Ambiental, Lab. Assoc. TERRA, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa; EPI Task-Force FMUL, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa; Faculdade de Medicina, Universidade Federal de São João del Rei.
Antecedentes/Objetivos: Desde 1985, a Organização Mundial de Saúde propõe que 10-15% dos partos sejam por cesariana, ressalvando o seu potencial para prevenir mortalidade e morbilidade materna e perinatal quando há indicação médica. Apesar disso, observam-se taxas crescentes de cesarianas a nível global, muitas vezes sem benefícios claros para mães ou recém-nascidos. Este estudo analisou as tendências anuais do tipo de parto em Portugal (1999-2022), comparando hospitais públicos (incluindo parcerias público-privadas) e privados, com o objectivo de apoiar decisões informadas na área de saúde materna.
Métodos: Recolheram-se dados de modo de parto (eutócico, cesariana e “outros”) disponíveis em https://www.pordata.pt (consultado a 9 de março de 2025). Foram usadas estatísticas descritivas para avaliar a evolução temporal, bem como os testes de tendência Mann-Kendall e Sen’s slope.
Resultados: No período de 1999 a 2022, registaram-se 2.288.658 partos em Portugal, sendo 1.168.660 (51,06%) eutócicos, 768.620 (33,58%) cesarianas e 351.378 (15,4%) “outros”. Em hospitais privados, a proporção de cesarianas atingiu 64,4%, claramente superior aos 29,8% observados na rede pública. Entre 1999 e 2022, nos hospitais públicos, verificou-se uma variação de -10,3% em partos eutócicos e +6,5% nas cesarianas; nos privados, essas variações foram de -18,1% e +13,6%, respectivamente. Identificou-se ainda uma tendência crescente de cesarianas na rede privada (Sen’s slope = 0,288; p = 0,035).
Conclusões/Recomendações: Os resultados evidenciam o aumento persistente das taxas de cesarianas, sobretudo em hospitais privados. A monitorização contínua do modo de parto é vital para otimizar a alocação de recursos, bem como para informar políticas de saúde baseadas em evidências. Sem intervenções eficazes, as taxas de cesarianas tenderão a permanecer elevadas, com possíveis implicações para a saúde das mães e dos recém-nascidos.