1059 - ANÁLISE DOS TIPOS DE PARTOS EM MATERNIDADES PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA, PARAÍBA, BRASIL
Faculdade de Medicina Nova Esperança; Ministério da Saúde.
Antecedentes/Objetivos: A cirurgia cesariana passou a ser amplamente aceita na obstetrícia brasileira, consolidando-se como o método preferido para os partos, especialmente entre mulheres de classe média nas áreas urbanas, a partir do século xxi. Essa consolidação também refletiu uma transformação nas percepções sociais e legais em relação ao cuidado com a saúde. No Brasil, a alta proporção de cesarianas excede o percentual recomendado pela OMS, de apenas 15%, sejam de partos não naturais. Fatores como disponibilidade de profissionais, logística hospitalar e preferências socioculturais influenciam essa tendência, especialmente na rede privada, onde a proporção ultrapassa 88%. Em 2023, o Brasil atingiu 59,6% de cesarianas, sendo um dos países com maiores percentuais no mundo. Políticas públicas, como a Rede Cegonha e sua atualização para Rede Alyne em 2024, buscam reduzir cesarianas desnecessárias e qualificar a assistência materno-infantil. Objetivos: Analisar os tipos de partos entre 2022 e 2024 em quatro maternidades públicas de João Pessoa, investigando a distribuição das cesarianas e partos vaginais em gestações de alto risco para apoiar os esforços locais de redução de cesáreas.
Métodos: Estudo descritivo e transversal baseado em dados do SIGTAP sobre partos realizados em quatro maternidades públicas de João Pessoa, entre 2022 e 2024. As variáveis foram categorizadas segundo critérios do SUS e analisadas por frequências e proporções. As diferenças entre os tipos de parto foram avaliadas pelo teste qui-quadrado de Pearson no software R.
Resultados: Foram registrados 37.958 partos, sendo 49,7% normais e 50,3% cesarianas. Entre os partos, 44% ocorreram em gestações de alto risco, e 6,1% envolveram cesarianas com laqueadura tubária. As maternidades A e B apresentaram aumento progressivo de cesáreas, enquanto a maternidade C, sem atendimento a gestações de alto risco, teve redução de partos normais. A maternidade D registrou maior proporção de partos normais em 2023 (79%), mas elevação de cesáreas em 2024. A análise estatística, através do qui-quadrado, indicou diferença significativa entre as maternidades A, B e D (p < 0,001), com a maternidade A apresentando a maior proporção de partos de alto risco (72,1%) e a maternidade D a menor (25,4%).
Conclusões/Recomendações: O estudo enfatiza o aumento das cesarianas e seu impacto na morbimortalidade materna e perinatal. A alta frequência de partos em gestação de alto risco sugere um maior custo na assistência materno-infantil. Identificar os vários motivos que levam as mulheres aos partos cirúrgicos é essencial para reduzir a cultura desse procedimento e promover um cuidado obstétrico mais humanizado.