940 - INTERNAMENTOS HOSPITALARES DE CRIANÇAS ATÉ AOS 5 ANOS EM PORTUGAL
Escola Nacional de Saúde Pública, ENSP, Centro de Investigação em Saúde Pública, Comprehensive Health Research Center, CHRC, REAL, CCAL, Universidade NOVA de Lisboa.
Antecedentes/Objetivos: Os internamentos pediátricos são um indicador essencial da morbilidade infantil. Embora se tenham mantido estáveis desde 2016, registou-se uma redução de cerca de 29% em 2020 entre crianças até aos 5 anos. Contudo, a sua evolução na última década em Portugal permanece pouco descrita. Este estudo visa caraterizar os internamentos de crianças nascidas entre 1 de julho de 2010 e 30 de junho de 2021, até aos 5 anos, analisando frequência, duração, causas principais e distribuição por sexo, idade e região.
Métodos: Estudo de coorte histórica que incluiu todas as crianças nascidas em Portugal entre 1 de julho de 2010 e 30 de junho de 2021 com registo de internamento em hospitais do SNS. O seguimento decorreu até aos 5 anos ou até ao fim do período de estudo. Foram analisadas variáveis demográficas, clínicas e o número total de internamentos por criança. O tempo em risco de internamento foi calculado com base no total de dias de vida de cada criança até ao internamento, ao fim do seguimento ou ambos. Utilizaram-se frequências, medidas de tendência central e dispersão, teste t para comparação de médias e qui-quadrado para associações entre variáveis categóricas.
Resultados: Entre julho de 2010 e junho de 2021, foram registados 543.154 internamentos em 395.873 crianças até aos 5 anos, com média de 1,4 internamentos por criança. Verificou-se uma tendência crescente de internamentos ao longo do período e nos meses de inverno. Os rapazes representaram 53% dos internamentos e apresentaram média superior à das raparigas (1,4 vs. 1,3; p < 0,01). A maioria dos internamentos ocorreu no período perinatal (85%) e em crianças com menos de 1 ano (1,4 episódios por criança). Lisboa, Porto e Braga concentraram mais internamentos, mas as maiores médias por criança registaram-se em Vila Real, Évora e Bragança. As principais causas de internamento foram condições originadas no período perinatal (56%), causas externas de morbilidade e mortalidade (18,8%), anomalias congénitas (6,9%) e doenças respiratórias (4,9%) –estas últimas mais frequentes nos rapazes (5,1%) e crianças até 1 ano (36,7%). A duração média dos internamentos foi de 4,8 dias, sendo mais longa no período neonatal (7,5 dias) e em casos de doenças oculares (26,7 dias). Durante o período de seguimento, cada criança esteve, em média, em risco durante 2,19 dias (DP = 1,05). Com base neste tempo de exposição, a taxa de incidência global de internamentos observada nesta coorte foi de 0,62 por 1.000 dias de vida, o que corresponde a 0,23 internamentos por criança-ano.
Conclusões/Recomendações: A análise dos internamentos pediátricos permite identificar padrões de morbilidade e orientar a prevenção e o planeamento dos cuidados pediátricos.