1046 - CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA E SOCIODEMOGRÁFICA DE DETENTORES DE EXPLORAÇÕES CASEIRAS EM PORTUGAL
Unidade de Genómica e Bioinformática, DDI, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge; Centro de Ciência Animal e Veterinária, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Departamento de Epidemiologia, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
Antecedentes/Objetivos: Os sistemas de produção caseira (SPC) são caracterizados por um número reduzido de espécies pecuárias destinadas ao autoconsumo. O contacto próximo entre humanos e animais, a interação com fauna selvagem, o uso inadequado de antibióticos e a utilização de fezes animais como fertilizante aumentam o risco de disseminação de agentes patogénicos zoonóticos e genes de resistência a antibióticos. Contudo, os SPC em Portugal ainda são pouco estudados. Inserido num estudo mais amplo sobre práticas de criação/gestão animal e riscos para a saúde pública, este trabalho pretendeu caracterizar geográfica e sociodemograficamente os produtores de SPC através da implementação de um questionário epidemiológico.
Métodos: Desenvolvido no programa RedCap, o questionário foi pré-testado e validado, sendo distribuído de forma direta, em papel através de uma rede nacional de pontos focais, e de forma indireta, via online. Contém 38 questões sobre o inquirido, caracterização da exploração, condições de criação, saúde e bem-estar animal e biossegurança. A participação foi anónima, requerendo consentimento informado, e restrita a detentores de SPC maiores de 18 anos. Foram analisados o perfil geográfico (região) e sociodemográfico (idade e escolaridade) destes produtores.
Resultados: No total obtiveram-se 596 questionários válidos das 26 NUTIII nacionais. Houve maior adesão ao questionário online (n = 569) comparativamente à via em papel (n = 27), alinhando-se com estudos internacionais. A maior proporção de questionários online veio do Norte e Centro (31,5%), enquanto em papel predominou a zona Centro (33,3%). A faixa etária mais comum entre os detentores de SPC foi 40-59 anos (48,2% em papel; 51,9% online). Em relação à escolaridade, 50,3% dos respondentes online tinham ensino superior, enquanto 29,6% dos que responderam em papel possuíam o 9º ano. Enquanto a abordagem online pode enviesar os resultados para indivíduos com maior literacia digital e escolaridade, a abordagem em papel mitiga esse viés, embora a sua distribuição dependa da disponibilidade dos pontos focais.
Conclusões/Recomendações: Conclui-se que os detentores de SPC concentram-se no Centro e Norte de Portugal, a maioria possui escolaridade superior ao 9ºano e idade predominantemente entre 40-59 anos. No futuro, espera-se reduzir o viés de seleção com a distribuição de mais questionários em papel, permitindo aprofundar a caracterização das explorações e seus detentores, contribuindo para a identificação de possíveis riscos para a saúde pública.