969 - REINTERNAÇÕES PRECOCES ENTRE PACIENTES INTERNADOS POR HIV/AIDS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE BRASILEIRO
UFMG; Fiocruz-RJ.
Antecedentes/Objetivos: Pessoas vivendo com HIV/Aids têm elevadas proporções de reinternações após alta hospitalar, indicador que sinaliza sobre a qualidade da atenção às pessoas vivendo com o vírus. Essas informações ainda são escassas para países do sul global. Nosso objetivo foi investigar reinternações de pessoas internadas por HIV, entre 2000 e 2015, no Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, e fatores associados.
Métodos: Coorte não-concorrente, com dados da Base Nacional em Saúde, uma base centrada no paciente, desenvolvida por pareamento determinístico-probabilístico e que inclui dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM). Foram selecionadas pessoas maiores de 18 anos, que internaram no SUS pelos códigos B20-B24, F024, R75 e Z21 da CID-10 entre 01/01/2000 e 30/06/2015. A variável independente foi a reinternação precoce (em até 30 dias após uma primeira internação). A associação entre sexo, idade no início da coorte, região, comorbidades graves (avaliadas pelo Score de Elixhauser) e óbito por HIV no período do estudo e a variável independente foram investigadas com o uso de modelos de regressão logística bruta e ajustada.
Resultados: Foram investigados 222.354 pacientes, que tiveram 465.421 internações cujo CID primário ou secundário era HIV/Aids. Deste total de pacientes, 21,2% (n = 47.196) reinternaram em até 30 dias. A mediana de reinternações foi de 1 (IIQ 1-2). Foram associados ao aumento da frequência de reinternação precoce ser do sexo masculino (OR 1,24), residir nas regiões Nordeste (OR 1,07), Sudeste (OR 1,07), Sul (OR 1,39) e Centro-Oeste (OR 1,20) em comparação à Norte, e ter ao menos uma comorbidade grave (OR 1,14). Foi associada à menor frequencia de reinternação ter 30-39 anos (OR 1,03), 40-49 anos (OR 0,96), 50-59 anos (OR 0,86) e 60 anos ou mais (OR 0,74), em comparação aos internados de 20-29 anos. Também foi associado a maior frequência de reinternação ter ido a óbito por HIV/Aids (OR 1,63). Todos os fatores mantiveram-se associados à variável dependente após ajustes, a exceção de ter 30-39 anos de idade no momento do início da coorte.
Conclusões/Recomendações: As reinternações são associadas a uma chance quase 40% maior de ir a óbito por HIV/Aids. Ainda persistem importantes iniquidades regionais e de gênero na atenção às pessoas vivendo com HIV. Pessoas mais jovens parecem ter mais chance de reinternar precocemente, o que pode indicar maior dificuldade no manejo da infecção neste grupo. O conhecimento dos fatores associados à reinternação pode auxiliar no manejo de pessoas internadas por HIV e no aprimoramento da Política Nacional de Prevenção às IST/Aids.
Financiamento: Projeto financiado pela Chamada Universal 01/2024 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais.