EVOLUÇÃO GEOGRÁFICA DOS ÓBITOS POR SIDA EM PORTUGAL CONTINENTAL. 1985-1998
M Carreira*, J Catarino, A Leitão
Direcção-Geral da Saúde.
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Antecedentes e objectivos: A SIDA é um gravíssimo problema de saúde pública que se distribui heterogeneamente entre as pessoas e no território, a avaliação dessa evolução territorial poderá ser importante na modelização de modelos de expansão geográfica que permitam apoiar o planeamento no âmbito da promoção de saúde e da vigilância epidemiológica. Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) têm-se mostrado instrumentos importantes na análise da distribuição de fenómenos de saúde, assim pretendeu-se avaliar a distribuição geográfica dos óbitos por SIDA no Continente de Portugal entre 1985 e 1998, utilizando-se um SIG.
Material e métodos: Os óbitos por SIDA foram identificados na base de dados nacional de óbitos. As variáveis estudadas foram o ano de ocorrência do óbito, o sexo, o Concelho de residência e a Freguesia de residência. Para analisar a distribuição geográfica utilizou-se como programa informático de Sistemas de Informação Geográfica o ArcWiew. Os óbitos por ano e a mortalidade acumulada por SIDA foram calculados ano a ano entre 1985 e 1998. Foi calculada ainda a taxa de incidência por Concelho e Distrito do Continente de Portugal nos anos entre 1985 e 1998 assim como a taxa média de mortalidade neste conjunto de anos.
Resultados: Verificaram-se 4953 óbitos por SIDA entre 1985 e 1998. Variando a taxa de mortalidade entre 0,1/105, em 1985, e 9,0/105 em 1998. A taxa média de mortalidade neste período foi de 3,0/105. Desses óbitos 4223 (85,3%) ocorreram no sexo masculino e 730 (14,7%) no sexo feminino, sendo as respectivas taxas médias de mortalidade de 6,2/105 e 1,0/105, variando ente 0,2/105 e 15,4/105 no sexo masculino e entre 0/105 e 3,1/105 no sexo feminino. Em 1985 ocorreram óbitos por SIDA em somente 7 concelhos. Em 1998 já houve óbitos em 107 concelhos. Em 1985 os casos de óbito ocorreram principalmente no Distrito de Lisboa, contudo houve um caso nos Distritos do Porto, Leiria e Santarém. Em 1987 começam a aparecer os primeiros casos no interior norte, no distrito de Bragança. No período em estudo os casos de óbito por SIDA evoluíram predominantemente ao longo da faixa litoral entre os Distritos do Porto e Setúbal e no Algarve. A partir de 1991 a doença estabelece-se persistentemente no interior do país, particularmente ao longo de dois eixos principais de penetração, ao longo do rio Douro e do rio Mondego. No entanto a penetração no interior do território continental não é homogénea ao longo do período.
Conclusões: É clara uma distribuição geográfica predominantemente litoral, do Minho a Setúbal, com exclusão parcial do litoral alentejano, e continuando no Algarve. O modelo não parece ser suficientemente forte para se poder prever com segurança a evolução geográfica da doença.