Antecedentes/Objetivos: A exposição ao mercúrio (Hg) durante a gestação representa risco potencial ao desenvolvimento fetal, especialmente em regiões com consumo elevado de peixe. O ácido fólico (vitamina B9), além de essencial para o fechamento do tubo neural, participa de vias metabólicas que podem modular os efeitos tóxicos do mercúrio. Este estudo teve como objetivo comparar os níveis Hg em gestantes segundo o uso de suplementação de ácido fólico.

Métodos: Foram analisadas amostras de sangue de 44 gestantes de uma coorte em andamento na Amazônia brasileira. As concentrações de mercúrio total (HgT, em μg/L) foram determinadas por espectrometria térmica direta (DMA-80), em duplicatas. As participantes foram classificadas em dois grupos conforme o uso de suplemento de ácido fólico (sim/não). Os níveis de Hg foram descritos por percentis (p10 a p95) e média. A comparação entre os grupos foi realizada por meio do teste de Mann-Whitney.

Resultados: Gestantes que não suplementavam ácido fólico apresentaram níveis médios mais elevados de Hg (5,08 μg/L; p95: 24,95 μg/L) em comparação às que suplementavam (3,39 μg/L; p95: 8,71 μg/L). As medianas foram semelhantes (Não = 2,31 μg/L; Sim = 2,14 μg/L). O teste de Mann-Whitney não indicou diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p = 0,84), embora os percentis superiores apontem maior exposição entre as gestantes que não fizeram suplementação com ácido fólico.

Conclusões/Recomendações: Os resultados sugerem que a ausência de suplementação de ácido fólico pode estar associada a maior exposição ao mercúrio em subgrupos mais vulneráveis. Embora não significativa, essa tendência aponta para a importância do estado nutricional materno como possível fator de proteção frente à toxicidade ambiental durante a gestação.